segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Livro 

Necrose - O livro Vermelho.


Cronicas e Poesias com tons reflexivos, envolvendo a sociedade e a rotina das pessoas, distribuídos por 300 paginas.



Link para baixar:












Aroma da realidade


E assim, sem mais, pouco a pouco as gotas marcavam o chão de madeira velha, um barulho quase tão sutil quanto o de uma folha caindo ao pé da mesa enferrujado.

Gotas de um vermelho encantador, com o reflexo da luz tornando-as ora como um vinho, ora vivas como o sangue, destoavam de todo o silêncio contido no tempo.

Tempo este tão vazio quanto às lembranças, quanto às ideias, tanto quanto a falta de planos, como os corpos ali presentes e apenas presentes, seguindo suas sinas.





Canta Maria





Canta Maria, canta!

Canta o que ninguém mais ouve

Espalha com tua doce voz

O que tantas Marias sentem.

Seca tuas lágrimas, Maria

Teus olhos foram feitos para brilhar

Teus lábios para beijar

Teu corpo para amar!

Vai, Maria, segue em frente!

Mostra o que ninguém consegue mais ver

Ama tua vida, como quem ama um filho teu

Ah linda flor, não nasceste para sofrer.

Maria de todas as cores

Maria de todas as vozes

Maria de todos os amores

Maria de todas as dores.

Mulher de todas as noites

Mulher da luta, do dia a dia

Mulher do sim e do não

Mulher do perdão.

Mostra pra eles, Maria

O que a cegueira impede que outros possam ver

Que embora calejado, teu coração é puro!

Porque com a vida, aprendeste a amar.




Pablo Danielli
Sapatos soltos


Os sapatos
Com as solas gastas,
Ficaram pelo caminho.
As palavras vazias
Não resistiram à força do vento.
Apenas alguns calos
Apenas alguma duvida.
Tempo que sobra
A cada volta do dia,
Preenchido com tristezas ou alegrias.
E a duvida que não deixa
O corpo e perturba a mente.
Será tudo em vão
Ou a sorte lhe dará,
Mais um dia de respiros vãos.

Pablo Danielli

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Noite dos Cachorros Perdidos


Enquanto o latido
Toma conta das ruas,
Restos são jogados
Como banquete.
Na tentativa
De amordaçar,
Bocas famintas.
Como uma sinfonia absurda
A raiva espumando pela boca,
Já contamina as diferentes formas de vida.
Dessem-lhe pauladas!
Duchas generosas de agua!
Por um breve momento recuam
Mas fome é tanta,
Que seu amo assustado recua.
Corre e com medo se esconde,
Atrás de falsas propagandas
De alegrias gratuitas.


Pablo Danielli

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Amar, muito além de parafrasear.


Aqui
Já não sei mais,
Se, estou!
Além do oceano
Parágrafos do horizonte,
Espaços, distantes do teu olhar.
Deste ponto
Não sei se é começo,
Ou final!
As reticências
Deixam interrogações,
Para muitos pensamentos.
Inclusive
Um certo brilho,
No exclamar.
Por que
O teu olhar encontro
Nos parênteses.
Entre palavras, silabas,
Algumas conjunções.
Amar, muito além,
De parafrasear!

Pablo Danielli

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Da felicidade


E a felicidade
Estapeou sua cara,
Somente pelo prazer
De lhe provar,
Que nunca poderia domá-la.
Tal pedaço do paraíso
Escondido por trás dos dentes,
Que serrados combinavam
Um tímido sorriso.
Continuava lá, sentado...
Há contar ás horas
Ás estações e migalhas,
Que tentava aproveitar.
Poderia ser mortal!
Ser intenso ou puro frenesi.
Á tal momento
Tudo que poderia,
Morrer ou viver...
Está ao alcance
De seus tristes olhos.
E suas mãos não desejavam,
Folhar alguma pagina, a mais sobre a vida.
Deseja o momento eterno de felicidade,
Cobiçava estar diante do paraíso.
Mas á vida...
Insistia em lhe mostrar
Que ao menos para si,
Alegria vã é acompanhada
Pelo sacrifício tolo.
E a eterna...
Por pequenos monólogos de tristeza,
Anunciando a loucura popular,
Por segundos, explorada,
De algum tipo de sorriso.

Pablo Danielli

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Pequeno conto


Um pequeno conto sobre amor
Com corações partidos,
Sorrisos e lagrimas.
Olhares trocados
Papéis rabiscados,
Juras de amor
Dor, sem pudor.

Pablo Danielli
Livro 

Necrose - O livro Vermelho.


Cronicas e Poesias com tons reflexivos, envolvendo a sociedade e a rotina das pessoas, distribuídos por 300 paginas.



Link para baixar:












Aroma da realidade


E assim, sem mais, pouco a pouco as gotas marcavam o chão de madeira velha, um barulho quase tão sutil quanto o de uma folha caindo ao pé da mesa enferrujado.

Gotas de um vermelho encantador, com o reflexo da luz tornando-as ora como um vinho, ora vivas como o sangue, destoavam de todo o silêncio contido no tempo.

Tempo este tão vazio quanto às lembranças, quanto às ideias, tanto quanto a falta de planos, como os corpos ali presentes e apenas presentes, seguindo suas sinas.





Canta Maria





Canta Maria, canta!

Canta o que ninguém mais ouve

Espalha com tua doce voz

O que tantas Marias sentem.

Seca tuas lágrimas, Maria

Teus olhos foram feitos para brilhar

Teus lábios para beijar

Teu corpo para amar!

Vai, Maria, segue em frente!

Mostra o que ninguém consegue mais ver

Ama tua vida, como quem ama um filho teu

Ah linda flor, não nasceste para sofrer.

Maria de todas as cores

Maria de todas as vozes

Maria de todos os amores

Maria de todas as dores.

Mulher de todas as noites

Mulher da luta, do dia a dia

Mulher do sim e do não

Mulher do perdão.

Mostra pra eles, Maria

O que a cegueira impede que outros possam ver

Que embora calejado, teu coração é puro!

Porque com a vida, aprendeste a amar.




Pablo Danielli

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Voar

De todos os remédios

Que poderia tomar,
Ler a bula de um livro
Foi o que te serviu...
Para saciar a loucura!
Para curar o marasmo!
Para flutuar...
Mesmo com tantas amarras,
E os pés descalços
Indecisos e sem saber,
Se podem...


Pisar, correr ou voar.

Pablo Danielli
As pessoas


As pessoas que sonham de mais
Não vivem!
As que sonham de menos
São tristes!
Os que vivem pelos objetivos
Não sorriem!
E as que nunca saem da sombra
Não progridem!
As que não sentem a vida
São cinza!
As pessoas que amam
São felizes!

Pablo Danielli

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Muda


Muda...
Muda de lugar,
Muda de canal,
Muda de vida.

Mas quando a mente não pensa...
Toda palavra proferida,
É uma palavra muda.
Que não ocupa espaço,
E nem muda.

Pablo Danielli

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Palavras


Fala boca!
Fala para teus amigos,
Para os teus inimigos?
Mas fala...
Não te cala diante das duvidas,
Não silencia no teu medo...
Agride o vento,
E profere contra ele,
Palavras!


Pablo Danielli

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Palavra (muda)!?

Que coisa é a palavra...
Uma hora agrada,
Outra não diz nada!
Simples, composta, abstrata.
Hoje, arranca sorrisos,

Amanhã... Lagrimas.


Pablo Danielli

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Amores e corações partidos.



De todos os amores vividos de forma visceral, os que foram folhados em paginas de livros e apenas estes, não deixaram seu coração amargo. Não deixaram seus lábios secos, ficando apenas uma sensação de provocação, instinto de um pobre coração pulsante, a espera de algo a mais, que suas pernas fiquem bambas e suas mãos, tremulas.

Do sol que cortava sua pele, ao entrar pela janela, cedendo uma pitada poética ao seu quarto, levemente desorganizado, mas ainda assim confortável, como seu coração... Revirado, mas a espera de confortar um novo amor.


Musicas incessantes, que insistem em lhe ensinar que lá fora e em cada esquina existe vida, vendida em pequenas bancas, estendidas em cordas, como ofertas de jornais. Basta ter coragem suficiente de pagar o seu preço, um pouco de sorrisos, algumas lagrimas, em algum momento amores e corações partidos.

E dentro de si, bate de forma violenta a duvida:
E depois? O que será de mim?
O que resta depois do prazer, do sexo e da dor?

E seu silencio de forma simples e caótica responde:
Será o que tiver der ser e se assim tiver o direito de viver.

O mundo conspira contra você, que se quer abriu a porta do quarto. Respirou ar novo, soltou o velho por entre as lembranças, buscou novas palavras... Esperança vendida em pequenos frascos, leves e rasos, oriundos de alguma parte do velho mundo.

A insanidade do relógio insiste no passar das horas, o tempo para algumas memórias soa como castigo e você prefere trancar em algum canto escuro da história. Seus pés tocam o chão, puxando o peso do seu corpo para a realidade confusa, que brinca com sua vida sem parar.

Você deseja tornar a deitar, viver sem o gosto da boca seca, sem precisar cobiçar, mas a vida que bate em sua porta, insiste, persiste em lhe chamar, tentando lhe iludir de que seus olhos irão se encantar, quando novamente e mesmo perdida, você tornar a amar.

O amor
A vida,
Um sonho...
Um coração inteiro
Divido por duvidas,
Que pairam no ar.



Pablo Danielli

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016



O som do silencio


O espumante espalhado pelo chão molhava a ponta dos pés, do corpo que estava estendido em meio ao quarto bagunçado. A janela, entreaberta permitia que a chuva tocasse os papeis rasurados em cima da mesa.

Molhando palavras sobre o amor, alguma coisa sobre a dor. Lavando o que o silencio escreveu, como a pessoa não conseguiu fazer. Limpando os sentimentos que estes estavam sujos.


O vento que rompia a cortina fazia dispersar o odor, da vida, da morte e do sexo casual. O toca discos não conseguia seguir para a próxima musica, ficava repetindo o verso riscado do “LP”, em forma de um blues lento e dramático.

Assim como muitos pensamentos antes de transpor a porta do quarto, riscavam a mente de forma repetitiva.

A marca de dedos no espelho, as roupas amassadas em cima da cama, a meia luz deixando um clima intimo e tenso. Um som destoa o equilíbrio do ambiente, sutilmente uma voz rouca canta versos, de maneira imperceptível a outros corações.

Seus pés moviam-se de forma firme e lenta, em direção ao corpo estendido no chão. Os dedos ásperos pressionavam o dorso e as coxas, quase que rasgando a pele como seda.

Deixando suspenso no ar um amontoado de sentimentos, jogando de forma brusca sob a cama e em um gesto impensado de desapego carnal.

Os olhos despertam, enquanto a boca lentamente desfere um beijo, que como arma abate qualquer reação desnecessária. Alguns silêncios são mais intensos que qualquer palavra, falam muito mais que algumas paginas rabiscadas.

Alguns silêncios rompem o espaço, preenchem o vazio deixado, completam um olhar.

Alguns silêncios rompem a noite e falam por si só. Alguns silêncios são como um beijo que desafia a vida, como o amor que desafia a morte. Amor que mata e também liberta, que ressuscita em noites frias ou dias quentes.




Pablo Danielli

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016



Toxina



“Alguns desejos são impossíveis de sentir apenas pelas palavras. É necessário se permitir viver, desejar e sofrer. Porque o que corre nas veias não pode ser apenas sangue, mas há de ser... Também amor”.




As paredes ásperas transpiravam o desejo e se você por acaso, há dois dias passados me pergunta-se se era amor?
Eu lhe responderia sem pensar:


Hoje não, mas amanhã e se o corpo quiser... Poder ser!
Porque o tempo de ontem, não é o mesmo de hoje e amanhã certamente vai fazer sol.
(Mesmo que você insista em chorar).

Porque o corpo não escolhe quando quer sentir, é como uma toxina e você não percebe que corre nas veias. E quando as pernas tremem, você sente o efeito e cai... Porque o amor antes de voar, te derruba!

Mesmo que o silencio dos teus olhos insistam em me falar que não dói e que tua dor é apenas prazer. Insiste que tocar tua pele e sentir teu suor é lavar a boca com um pedaço do paraíso.

Teu gemido é como musica que corta a solidão, à noite e o medo. Que quando chega, vai embora com todo pudor e direito de perdão. E com todos os nãos possíveis, a noite traz o dia.

Mostrando seu desprezo para com o prazer impossível de se viver em poucas horas.

As marcas não são apenas de arranhões e mordidas, são na alma... Que se fazem lembrar e relembrar, por incontáveis horas.

Fantasiando em um mundo particular os significados das palavras sim, não e mais. Ditos em um momento de total incompreensão, compreendidos apenas pelo desejo.

Amantes desejam a carne, poetas as letras e palavras, pessoas cobiçam a rotina, mas eu... Espero apenas mais uma vez, sentir correr nas veias, em ritmo frenético esta toxina.



Pablo Danielli

domingo, 14 de fevereiro de 2016



Sobre o tempo


Aprendemos que tão prazerosos, quanto estes momentos em nossa cabeça, são o desejo de vive-los novamente. Mas o tempo é implacável, não é corrompível, não se dobra aos nossos caprichos, vive nos deixando lições, mostrando que somos feito de sonhos, mas que nossa carne não é eterna como tantos deles, não conseguimos cortar o tempo sem deixar marcas em nossa alma.

Abrimos e fechamos nossos olhos, sem nos dar conta que este dia pode ser o primeiro ou o ultimo de uma grande mudança, de um grande desejo, sem perceber o momento chega, passa e leva com ele nossa coragem, nossos medos.


Os dias passam impiedosamente, as semanas correm pelos calendários que tentamos em vão controlar o que não se pode tocar, apenas viver e respirar! O menino nasce, descobre o doce e o amargo da vida, cria rugas e sem desejar se desapegar de suas manias, morre. Com todos os erros e acertos possíveis, com todos os amores improváveis, com todos os pecados inimagináveis.

Encontramos paredes rabiscadas de poesias impublicáveis, sobre o que é esse desejo latente que costumamos e insistimos apelidar de vida. Percorremos corredores tão sufocantes que nossos sonhos não cabem dentro deles, quartos tão pequenos que nossa voz ecoa em forma de grito pelas frestas de madeira velha, rasgando ouvidos, rasgando o invisível, se sobrepondo ao desejo.

Somos no fim reféns dos mesmos requintes, luxuosos prazeres e ansiosos pelos ponteiros do relógio que marcam o passo, lembrando que mais hora ou menos hora o tempo, nos trata com desdém, ignorando nossas conquistas, apagando nossas decepções, deixando apenas uma vírgula em aberto, para que se assim ele desejar, podermos continuar a escrever a nossa breve, porém intensa história.

Eterno momento Guardado na memória, E em um velho e rabiscado papel. Imaginação além do desejo! Sentimento além da carne!

Descobre com as escolhas com acertos e erros, que viver é mais que respirar. É sentir, perder, sonhar...
É, e porque não seria? Se apaixonar!


Pablo Danielli

sábado, 13 de fevereiro de 2016



Para aonde as lagrimas correm, em solos de alegria.


O barulho da chuva caindo era a única lembrança de uma tarde cinza que nos unia, o som do silêncio eram as palavras que faziam nos sentir tão próximos. Apenas sentados, lado a lado em um sofá frio, observando as gotas correrem pelas folhas quase mortas, de uma seca que insistia em ficar.

E assim, juntos tão distantes nos entendíamos, nada além das lembranças de algo que nunca foi, era mais que suficiente para preencher o sol que naquele dia, havia prometido sair e não saiu, assim como alguma coisa presa na garganta, que tentava quebrar a sincronia de muitas e mal ditas mentiras, que por vezes salvaram um pouco de nossas vidas.


Nossas almas se enfrentavam em um abismo que permitíamos pular e morrer, muitas vezes no mesmo dia, que ao cruzar nossos olhos, escalávamos, novamente e outra vez, outra vez e outra vez. Repetindo o que nunca foi feito, balbuciando sons que não conhecíamos e que não ouvíamos, pois o cair da gota na terra abafava qualquer tentativa de aproximação, um sofá que de tão pequeno, nos parecia mais ser um deserto de emoções.

Tudo parecia muito mais que explicado, como um poema trágico de uma estrofe só, aonde o inicio e fim não tem sentido, assim como o sentimento do poeta que o escreveu, que morto escreve sobre o amor, que partiu para deixá-lo viver. Saindo do sonho para viver o real, um espaço dividido por duas pessoas deixa de ser sonho, quando o silêncio se torna real.

Somente as lembranças ficaram, em notas de rodapé, aonde se destacavam em negrito a frase “momentos de alegria”, praticamente abafado por folhas e paginas em branco, de algo que ainda espera para se escrever. O felizes para sempre talvez tenha ficado para outro livro, ou outra história, mais recente, nova, para um novo começo ou um triste final, aonde descobrimos que o que sentimos e juramos no final é mortal.

Mas tudo volta há ser o que era, quando nos olhamos e ouvimos a chuva molhar, enquanto compartilhamos nosso silêncio e nossa intimidade em um pedaço do mundo, sentados no vazio de um sofá.


Pablo Danielli

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Luzes vermelhas


Luzes vermelhas, letreiros em neon, mais uma rua, mais uma esquina, uma palavra, uma saída. Caminhar sutil, que fere a calçada, alienado diante da vida, uma ou duas janelas entre abertas, vento que invade a intimidada, insanidade.

Entre tantos porquês, ninguém parece se importar se é noite ou se é dia, produto corrosivo a tal da alegria, prazo de validade contado em porcentagem conforme passa o dia. Lábios que ferem, olhares que matam, pelas indiferenças, pelo dinheiro que vem em busca de um falso amor, que se esvai por bueiros entupidos de uma cidade fantasma.


Não há santo que faça milagre, nem crucifixo na parede que perdoe. Uma fé lascada e despedaçada, confundida com a solidão de suas lagrimas. Segundos vividos em preto e branco, sem significado algum, sem pudor ou possível orgulho que possa ainda querer respirar.

Junta os cacos daquele belo vaso, tenta selar seu destino, além do azar que lhe impõe a mão sobrecarregada do acaso. Jura uma vez mais erguer os olhos, mesmo com seu intimo dilacerado, por seres vazios.

O passar dos ponteiros mostra que não há espaço para sentimentos baratos e que levantar mesmo com suas cicatrizes é para pura e simplesmente tentar sobreviver.


Pablo Danielli

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016



Muito além das entrelinhas




Existe algo dentro de você, que não percebe ou consegue ver em determinados momentos, mas que ligeiramente te conecta com o mundo, com as pessoas e objetos. Mas você sente, sabe que está lá, adormecido e pequenos olhares e gestos o fazem despertar.

Quando nos deparamos com algo que nos chama atenção, toca e nos prende de forma única, tão sutil, acabamos por descobrir pequenos tesouros e que provavelmente nenhuma outra pessoa no mundo entenderá ou dará o mesmo valor.


Pode ser em forma de uma frase, uma fotografia em preto e branco, uma caneca velha ou até mesmo um empoeirado LP, mas tão valioso quanto ouro ou diamante. O apego nos faz ter outra dimensão de valores, o que era errado se torna certo, o que é inútil acaba por ganhar nova vida.

Nossos olhos lentamente percorrem por entre pequenos objetos, apreciando, lendo e relendo suas cores, seus detalhes, passamos de simples admiradores para entendermos muito além do que se esta nas entre linhas.

Começamos a compreender o sentimento que exerce sobre nós determinado nossos desejos, como se pudéssemos sentir sua energia. Quando percebemos, um acaba pertencendo ao outro, a identidade acaba por ser completa, mesmo que isso signifique ser estranho diante de outros olhos ou outras manias.

E esse visitante acaba por nos dar algo mais, diferenciando-nos uns dos outros, nos envolvendo em universo paralelo a realidade tão crua que vivemos. Começamos a sentir aromas diferentes, começamos a perceber cores que não sentíamos e há viver mundos que não imaginávamos.



Pablo Danielli

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016


Desbotar


O desbotar do entardecer, se mistura com as cores avermelhadas e tons frios do inverno. Adentrando o corpo com certo ar de saudades, de nostalgias e lembranças muitas vezes inventadas, de manhas e tardes que ainda espera sentir.

Respirava em forma de vida os pensamentos e desejos, chegando a inevitável conclusão de que a vida é nada mais que um amontoado de eternos momentos. Nem sempre tristes e nem sempre felizes. Soava em forma de eco dentro de si, uma pequena fração da resposta que batia insistentemente, acompanhando seu coração em forma de ansiedade.


Aquilo que por vezes buscava e escorria por entre seus olhares, que o vento ousava em trazer de volta apenas para anestesiá-la... A paz em forma de sentimento, de sons e sensações, que arrebata, recarrega o vazio que insistia em se fazer presente.

Que sorte tem o ser humano em ser, em sentir e em querer... Os segundos, as horas, o tempo contado a gotas coloridas, doses letais de vida correndo nas veias. Encontra-se dentro de si mesma, e encontrar em outros, alguns motivos para sorrir e seguir.

Entre alguns tropeços estar ali sentada talvez fosse a melhor queda que já poderia ter experimentado, um quadro exposto a sua frente com todos os destinos possíveis e impossíveis de se querer.

Volta tuas mãos para o mundo e toca o invisível que divide com tantos outros sonhadores, correntes que se quebram com o sonhar, laços que se desatam com o desejo, flores que brotam no caminho com o caminhar e o passar do tempo.

Pisca os olhos uma vez mais, deixa a brisa lentamente tocar tua pele, entorpecida pela energia que o por do sol lhe causou...

Prepara aos poucos tua alma para partir, assim como teu corpo, para sentir algo novo, que ainda não lhe foi apresentado, talvez um novo sorriso, uma nova lagrima, quem sabe se tiver sorte, um quase amor.


Pablo Danielli

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016



Pálida noite

Explique noite,
Porque meus olhos não sentem?
Explique pálida noite,
Porque meus dedos estão anestesiados...


Porque enfim, meu coração não pulsa.
E então, porque minha boca cala,
Quando meus lábios deveriam bravejar!

Porque teu silencio,
Tomou conta do meu corpo,
E meu calor em forma de alma...
Já não aquece outras formas.

Agora,
Tão pouco o peso das moedas,
Faz diferença.

O algodão e a seda,
Não me fazem sentir importante.
E tudo o que vejo é você,
Tudo o que me cerca é escuridão...

Tudo parece simples,
O ar, leve e puro!
Não há palmas para meu ego,
Nem espectadores para meus gestos.

Somente tu!
Nua e silenciosa, tomando meu corpo...
Por carne podre.

Sem ao menos se importar,
Com um nome, uma posição ou passado feito.

Sou mais uma peça,
Que não se completa nos teus caprichos.

Sou agora...
Mais uma história a ser coletada,
E esquecida.

Assim como tu, triste noite!
Que ao amanhecer,
Levara contigo toda forma de vida...

Mesmo sendo nova ou velha,
Nunca compreendida.




Pablo Danielli
O som do silencio

O espumante espalhado pelo chão molhava a ponta dos pés, do corpo que estava estendido em meio ao quarto bagunçado. A janela, entreaberta permitia que a chuva tocasse os papeis rasurados em cima da mesa.

Molhando palavras sobre o amor, alguma coisa sobre a dor. Lavando o que o silencio escreveu, como a pessoa não conseguiu fazer. Limpando os sentimentos que estes estavam sujos.

O vento que rompia a cortina fazia dispersar o odor, da vida, da morte e do sexo casual. O toca discos não conseguia seguir para a próxima musica, ficava repetindo o verso riscado do “LP”, em forma de um blues lento e dramático.

Assim como muitos pensamentos antes de transpor a porta do quarto, riscavam a mente de forma repetitiva.

A marca de dedos no espelho, as roupas amassadas em cima da cama, a meia luz deixando um clima intimo e tenso. Um som destoa o equilíbrio do ambiente, sutilmente uma voz rouca canta versos, de maneira imperceptível a outros corações.

Seus pés moviam-se de forma firme e lenta, em direção ao corpo estendido no chão. Os dedos ásperos pressionavam o dorso e as coxas, quase que rasgando a pele como seda.

Deixando suspenso no ar um amontoado de sentimentos, jogando de forma brusca sob a cama e em um gesto impensado de desapego carnal.

Os olhos despertam, enquanto a boca lentamente desfere um beijo, que como arma abate qualquer reação desnecessária. Alguns silêncios são mais intensos que qualquer palavra, falam muito mais que algumas paginas rabiscadas.

Alguns silêncios rompem o espaço, preenchem o vazio deixado, completam um olhar.


Alguns silêncios rompem a noite e falam por si só. Alguns silêncios são como um beijo que desafia a vida, como o amor que desafia a morte. Amor que mata e também liberta, que ressuscita em noites frias ou dias quentes.

Pablo Danielli

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Toxina


“Alguns desejos são impossíveis de sentir apenas pelas palavras. É necessário se permitir viver, desejar e sofrer. Porque o que corre nas veias não pode ser apenas sangue, mas há de ser... Também amor”.

As paredes ásperas transpiravam o desejo e se você por acaso, há dois dias passados me pergunta-se se era amor?
Eu lhe responderia sem pensar:
Hoje não, mas amanhã e se o corpo quiser... Poder ser!
Porque o tempo de ontem, não é o mesmo de hoje e amanhã certamente vai fazer sol.
(Mesmo que você insista em chorar).

Porque o corpo não escolhe quando quer sentir, é como uma toxina e você não percebe que corre nas veias. E quando as pernas tremem, você sente o efeito e cai... Porque o amor antes de voar, te derruba!

Mesmo que o silencio dos teus olhos insistam em me falar que não dói e que tua dor é apenas prazer. Insiste que tocar tua pele e sentir teu suor é lavar a boca com um pedaço do paraíso.

Teu gemido é como musica que corta a solidão, à noite e o medo. Que quando chega, vai embora com todo pudor e direito de perdão. E com todos os nãos possíveis, a noite traz o dia. Mostrando seu desprezo para com o prazer impossível de se viver em poucas horas.

As marcas não são apenas de arranhões e mordidas, são na alma... Que se fazem lembrar e relembrar, por incontáveis horas. Fantasiando em um mundo particular os significados das palavras sim, não e mais. Ditos em um momento de total incompreensão, compreendidos apenas pelo desejo.


Amantes desejam a carne, poetas as letras e palavras, pessoas cobiçam a rotina, mas eu... Espero apenas mais uma vez, sentir correr nas veias, em ritmo frenético esta toxina.

Pablo Danielli

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Amores e corações partidos.

De todos os amores vividos de forma visceral, os que foram folhados em paginas de livros e apenas estes, não deixaram seu coração amargo. Não deixaram seus lábios secos, ficando apenas uma sensação de provocação, instinto de um pobre coração pulsante, a espera de algo a mais, que suas pernas fiquem bambas e suas mãos, tremulas.

Do sol que cortava sua pele, ao entrar pela janela, cedendo uma pitada poética ao seu quarto, levemente desorganizado, mas ainda assim confortável, como seu coração... Revirado, mas a espera de confortar um novo amor.

Musicas incessantes, que insistem em lhe ensinar que lá fora e em cada esquina existe vida, vendida em pequenas bancas, estendidas em cordas, como ofertas de jornais. Basta ter coragem suficiente de pagar o seu preço, um pouco de sorrisos, algumas lagrimas, em algum momento amores e corações partidos.

E dentro de si, bate de forma violenta a duvida:
E depois? O que será de mim?
O que resta depois do prazer, do sexo e da dor?
            E seu silencio de forma simples e caótica responde:
Será o que tiver der ser e se assim tiver o direito de viver.

O mundo conspira contra você, que se quer abriu a porta do quarto. Respirou ar novo, soltou o velho por entre as lembranças, buscou novas palavras... Esperança vendida em pequenos frascos, leves e rasos, oriundos de alguma parte do velho mundo.

A insanidade do relógio insiste no passar das horas, o tempo para algumas memórias soa como castigo e você prefere trancar em algum canto escuro da história. Seus pés tocam o chão, puxando o peso do seu corpo para a realidade confusa, que brinca com sua vida sem parar.

Você deseja tornar a deitar, viver sem o gosto da boca seca, sem precisar cobiçar, mas a vida que bate em sua porta, insiste, persiste em lhe chamar, tentando lhe iludir de que seus olhos irão se encantar, quando novamente e mesmo perdida, você tornar a amar.


O amor
A vida,
Um sonho...
Um coração inteiro
Divido por duvidas,
Que pairam no ar.



 Pablo Danielli


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

E Deus com isso?


Onde está Deus?
Talvez nas esquinas,
Com as putinhas…
Que são fuga de vidas.
Nas ruas aonde corpos caem,
Com a violência, ódio e fome.
Deus não existe…
Para quem não come!
Deus não existe…
Para quem não come!
Não existe almoço para agradecer.
Em que parte do mundo,
Deus se esconde?
Em que parte do homem,
Ele se faz?
A cada tapa da criatura,
A cada lágrima que cai…
Só o silêncio fala!
Só o silêncio cala!
Covarde é o ser,
Que se esconde em um nome.
Injusto é o ser,
Que o usa como arma.
Não existem almas para se escravizar,
Em terras secas.
Não é obra do acaso,
Que pobre, feio e ladrão,
Não possam sonhar...
Mesmo que a prece não tenha rosto.
E Deus com isso?
E eu com aquilo?
Na esfera da terra,
Chute em bunda,
Dos desprezados.
Não há salvação,
Para quem não tem posse.
Nos templos e igrejas…
Apenas se permite sentir,
O cheiro do banho e de perfumes caros.
E Deus, sente cheiro?
E ele, tem cheiro?
Qual o odor do corpo,
Quando a alma é podre?
Sapatos caros,
Levando caráter barato,
Enganam, mas não convém.
A esmola é descarrego para a mente,
Porque o indigente já é morto,
Não vive, é enfeite na cidade.
Pobre é propaganda para bondade.
Sociedade de hipócritas,
Servem seus restos, lavagem…
Preces com olhares de piedade.
E Deus com esses doentes?
Fartura para os escolhidos,
Sofrimento, para os ausentes.
Tantos nomes, tantos rostos diferentes.
E o que tem Deus pra essa gente!
A fila de pedidos…
Não é maior que o próprio umbigo.
Aonde se esconde Deus,
Nesses momentos decadentes?
Pendurado em alguma parede,
Estigma social?
Folclore nacional.


Pablo Danielli

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