sábado, 13 de fevereiro de 2016



Para aonde as lagrimas correm, em solos de alegria.


O barulho da chuva caindo era a única lembrança de uma tarde cinza que nos unia, o som do silêncio eram as palavras que faziam nos sentir tão próximos. Apenas sentados, lado a lado em um sofá frio, observando as gotas correrem pelas folhas quase mortas, de uma seca que insistia em ficar.

E assim, juntos tão distantes nos entendíamos, nada além das lembranças de algo que nunca foi, era mais que suficiente para preencher o sol que naquele dia, havia prometido sair e não saiu, assim como alguma coisa presa na garganta, que tentava quebrar a sincronia de muitas e mal ditas mentiras, que por vezes salvaram um pouco de nossas vidas.


Nossas almas se enfrentavam em um abismo que permitíamos pular e morrer, muitas vezes no mesmo dia, que ao cruzar nossos olhos, escalávamos, novamente e outra vez, outra vez e outra vez. Repetindo o que nunca foi feito, balbuciando sons que não conhecíamos e que não ouvíamos, pois o cair da gota na terra abafava qualquer tentativa de aproximação, um sofá que de tão pequeno, nos parecia mais ser um deserto de emoções.

Tudo parecia muito mais que explicado, como um poema trágico de uma estrofe só, aonde o inicio e fim não tem sentido, assim como o sentimento do poeta que o escreveu, que morto escreve sobre o amor, que partiu para deixá-lo viver. Saindo do sonho para viver o real, um espaço dividido por duas pessoas deixa de ser sonho, quando o silêncio se torna real.

Somente as lembranças ficaram, em notas de rodapé, aonde se destacavam em negrito a frase “momentos de alegria”, praticamente abafado por folhas e paginas em branco, de algo que ainda espera para se escrever. O felizes para sempre talvez tenha ficado para outro livro, ou outra história, mais recente, nova, para um novo começo ou um triste final, aonde descobrimos que o que sentimos e juramos no final é mortal.

Mas tudo volta há ser o que era, quando nos olhamos e ouvimos a chuva molhar, enquanto compartilhamos nosso silêncio e nossa intimidade em um pedaço do mundo, sentados no vazio de um sofá.


Pablo Danielli

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