[A morte do jornalismo]
A
quantidade de likes é mais importante que o fato em si, está é a máxima do
atual jornalismo. Isso mesmo caro leitor, a atual forma de buscar acesso
precisa de manchetes escandalosas e que muitas vezes nem ao menos representem o
conteúdo contido na matéria.
O jornalismo perdeu o rumo com a chegada das mídias
sociais, não soube se adaptar aos novos tempos, a rapidez com que as
informações surgem deixou obsoleto as revistas semanais e os jornais de
domingo. Ninguém, absolutamente ninguém quer pagar para ler o passado, a
internet mostra na hora o acontecimento e ao vivo sem ser necessário pagar para
ter a informação.
Grandes corporações começaram definhar, lucros desabaram
e cortes se fizeram necessários. Naturalmente a qualidade e conteúdo desceram a
ladeira e muitos estão na sarjeta, praticamente sobrevivendo como veículos de
fofocas em forma de sensacionalismo barato.
É preciso compreender que essa
revolução tecnológica também mudou a forma de arrecadar dinheiro e patrocínios de
marcas e produtos. Tudo começou a ser medido em cliques, like e
compartilhamento, quanto maior o acesso mais facilmente se move o dinheiro do
patrocínio. Oferta e procura, lei básica do mercado.
Os “profissionais” da mídia atentos a essas mudanças, também
notaram uma mudança de comportamento do leitor em si. Na era da rapidez de
informações, matérias com muito conteúdo fazem o leitor perder o interesse,
fazendo com que o acesso as páginas de jornais e revistas diminua.
Em
um país aonde a educação é desprezada, escolas estão no século passado e alunos
em colégios públicos garantem passagem de serie apenas para cumprir metas do
governo, ler e compreender o que se aparenta é luxo de poucos e dedicados
alunos. Portanto caro leitor, se você se encontra neste momento lendo e
compreendendo este trecho, pode se considerar acima da média do país.
Desta forma deu-se início a um novo momento no jornalismo
global, a disseminação da falsa informação, sem checagem dos fatos, sem
pesquisa do que é escrito, apenas replicando manchetes de revista para revista,
de jornal para jornal. Profissionais preguiçosos e mimados na esperança de
serem descolados e com ideologias baratas invadem redações, uma patrulha da
vida alheia é imposta na mídia de forma geral.
Explode o termo “FAKE
NEWS”, nesse novo momento o importante é o like e para isso não é
necessário profissionais bem remunerados e capacitados, basta estagiários e
pessoas sem escrúpulos para fazer qualquer coisa para ganhar dinheiro. A
verdade se tornou fator secundário, o escândalo e o compartilhar a manchete é o
fator primordial.
A audiência a qualquer custo, a verdade manipulada e
mastigada pra impressionar grande parte das pessoas. Cria-se novos fatos,
esperando que a curiosidade das pessoas seja maior que sua vontade pela
verdade. O tapa na cara e o julgamento em praça pública, caso se descubra o
erro ou a mentira disseminada é a regra, apenas um pedido de desculpas em notas
de rodapé quase imperceptível é permitido na maioria das vezes.
O jornalismo como conhecemos está morto! A apuração dos
fatos, imparcialidade e ética profissional são palavras apenas de dicionário,
passado que volta e meia assombra os caçadores de like. E tudo que questione
esses fatos, essa nova realidade é achincalhado e tantos adjetivos são acrescentados
que não caberia em uma simples pagina.
Tudo aos poucos se caminha para guerra ideológica, aonde
pequenos indivíduos tentam desmentir grandes veículos de informação. Políticos
tentam sem descansar encontrar meios de restringir notícias e acesso a
informação da forma mais variada possível.
Telejornais tentam se manter influentes, pseudos
pensadores e especialistas afinam o discurso na mesma direção para que se crie
uma única e incontestável verdade. Um pequeno grupo que deseja falar em nome de
milhões.
E você caro leitor, fica em meio a esse fogo cruzado de
informações, sem saber o que ler, acessar ou em quem acreditar. Manchetes que
mais parecem frase de outdoor, vídeos do youtube de pessoas que dizem lutar
pelo certo. Até mesmo programas de televisão que mesmo sem audiência se dizem
relevantes para o bem comum.
O fato é que o atual jornalismo e veículos de comunicação
estão mortos, apenas definhando como moribundos, tentando se manter relevantes
mesmo sabendo que grande parte da população não se importa mais.
O
like não enterrou a verdade, apenas mostrou que muitas pessoas não sabem lidar
com os fatos, como o de por exemplo, ser questionado pelas suas próprias
palavras. A notícia na internet é rápida, porém ficará sempre na rede, a espera
para ser relembrada, uma oportunidade de apontar o dedo para uma notícia falsa.
O
jornalismo está morto, porém as pessoas não estão. A notícia está sem casa, sem
morada e solta pelo ar. Em tempos de desinformação um rosto famoso não é
garantia de verdade absoluta, geralmente são usados para vender produtos. Desconfie
da informação, confie nos fatos.
Pablo Danielli
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