terça-feira, 24 de julho de 2018



[Enlatado] 



Pensadores 

Que vendem frases prontas, 

Especialistas 

Que não entendem a demanda. 



Governos que 

Sugam a manada. 



Propaganda, 

Com artistas que pensam ter 

A verdade nas palavras. 



Pequenas ilhas de hipocrisias 

Vivendo em mundo de fantasias, 

Aonde a realidade do dia a dia 

Não se ouve, não se vê... 

Causa alergia. 



Nada causa mais espanto 

Quem uma falha na engrenagem, 

Fazendo do horário comercial, algo especial... 

Enquanto se procura outra forma 

De se manter o privilegio, 

Sendo capa de jornal. 



A pobreza do homem 

O espirito quebrado, 

A ausência da mente... 

É um banquete, 

Para aqueles que se dizem coerentes. 



Livros de autoajuda, 

Palestras repetidas 

Incansavelmente. 



Conta-se nos dedos 

Seres que se dizem intelectuais, 

Que conseguem pensar com a própria mente. 



Tudo faz parte do esquema 

E o povo não tem convite, 

Para o banquete. 



Faz de conta, 

Na terra em que a verdade não se planta... 

Porque a miséria não é só do de comida 

Mas da mente, que com pouco se encanta. 



Fingir se importar 

Dá likes em redes sociais. 

Patrocínio de marcas, 

Comportamento exemplar... 

Discursos bonitos, 

Viram manchetes em sites globais. 



Tudo superficial 

Porque lá no chão 

Aonde sapatos caros não pisam 

Tem o povo, a realidade... 

Que se repetem todo dia. 

Medos e agonias... 

Fantasmas de uma gente sofrida. 



O suor causa nojo 

Em quem vive de ideologias. 



Como ser alguém 

Se o tempo não existe, 

Para aqueles pessoas 

Que são reféns da pobreza, 

Da falta de escolhas 

Aonde a única certeza 

É a morte... 

E uma vida de sobras, 

Daqueles que dizem se importar, 

Indignados, “mudam” sem sair do lugar. 



Produtos enlatados 

Com fórmulas prontas, 

Classificados de acordo 

Com o padrão social. 



Não se tem o direito de querer 

O que está além da embalagem, 

Porque o privilégio de ser ... 

É de acordo com o círculo social. 



Migalhas de um discurso bonito 

Falsa esperança, na expectativa 

De mudar apenas a data do calendário... 

Enquanto no país do samba, 

O certo, é que continue tudo exatamente no mesmo lugar. 



Pablo Danielli

quinta-feira, 19 de julho de 2018




[Malandro] 



O malandro pulou carnaval 

Virou música, arte moderna no museu... 



Furou a fila 

Passou o rodo, 

Carteiraço no hospital! 



Vendeu o voto 

Bebeu até se perder, 

Virou personagem de novela... 

Sucesso na televisão! 



Feriado pra homenagear 

Passeata, reinvindicação. 



Dominou o país, 

Eleito presidente, 

Decretou vagabundagem 

Lema, de um povo senil. 



O malandro tem lábia 

Fala mansa e malicia no olhar, 

Paga conta com dinheiro dos outros 

Por que vida boa, 

Precisa de alguém pra se sustentar. 



Virou rosto em camiseta 

Lema de intelectual de botequim, 



A capa do jornal grita: 

Melhor malandro 

Que um otário Infeliz! 



Pablo Danielli 



terça-feira, 17 de julho de 2018



[Sina] 



Entre calçadas 

Prédios se erguem, 

Na mesma velocidade 

Que as pessoas se afastam. 



Buracos em ruas mal feitas 

Que servem apenas para serem preenchidos, 

Com demagogias e discursos vazios. 



Pseudos intelectuais 

Com frases em outdoor... 

Liderando a manada 

Para lugar nenhum. 



Mais do mesmo 

Para massagear o ego, 

De uma classe que vive de distopias. 



Entre o nascer e o pôr do sol 

O tempo corre dentro de ônibus lotados, 

Mas vazios de esperança. 



Monotonia, rotina... 

Aflições do dia a dia, 

Tolices, de uma vida cretina. 



Reféns da estrutura, 

Da falta de escolhas. 

De oportunidades, 

Que nunca aconteceram. 



Repetindo orações, 

Lagrimas e medo. 

O poder muda de mãos 

Mas é sempre mais do mesmo. 



Nascer, sobreviver e morrer sem se perceber. 

Seres descartáveis, discursos para propaganda... 

Slogan, debate fútil da semana. 



Salvadores da pátria 

Não salvam a esperança, 

Afoga-se em palavras 

Repetidas no espelho. 



Tentando se convencer 

Ser o dono do poder, 

Velhas coroas... 

Para novos reis. 



A sina... 

Não se esconde de olhares 

Acostumados a sofrer. 



Uma hora, um dia, uma vida... 



Pra quem não existe, 

Tanto faz, como tanto fez. 



Pablo Danielli 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Escolhas e liberdade

         Em um país aonde a classe artística pensa ser dona da verdade e a classe política pensa ser dona do dinheiro. Para o povo, o significado da palavra liberdade nada mais é que sobreviver pagando contas assistindo novela.
         Seria um risco muito grande para a “democracia”, pessoas escolherem como gastar seu dinheiro e passar o seu tempo. A liberdade é uma arma muito poderosa para ficar nas mãos das pessoas, principalmente em países subdesenvolvidos com líderes feitos de ideologias ultrapassadas.

Pablo Danielli

quarta-feira, 11 de julho de 2018


Necrose


Certa vez
Eu vi um homem,
E ele estava só.




Assim como a noite
Tão escura,
Quanto suas ideias.


Não havia vida
Em seus olhos.


Não havia cultura
Em sua boca.


Tão vazio
Quanto o espaço
Que habitava.


Sobravam-lhe passos
Quando suas palavras
Findavam.


Suas vestes simples
Apenas refletiam,
A exclusão em que vivia.


Seus ouvidos cansados
Confundiam palavras,
Embriagados com tanta mentira.
Mesmo assim,
Este homem sobrevivia!


O cheiro que exalava
Facilmente se confundia,
Com sarjetas, esgotos, agonia.


Seus movimentos, lentos,
Não eram calculados,
Tal homem, não conseguiria.


Era fraqueza, luta!
Pelas sobras do meio dia,
Restos de uma sociedade
Rompida pela hipocrisia.


Não se via os traços de sua mão
Esfolada, os calos não permitiam.


Ao longe
Impossível saber,
Se era ele branco, preto ou amarelo.


Havia tantas vidas mortas
Naquele corpo, que dificilmente,
Algum sonho, sobreviveria.


Sim,
Eu vi este homem só!
Despido de toda carne podre ao seu redor.


Livre de pré-conceitos
Humilhado o suficiente,
Para não julgar.


Sem dinheiro, sem limites,
Sem crimes, para se condenar.


Este homem
Não tinha permissão da vida,
Para a morte lhe causar.


Não seria esta noite
Fria e só...
Que poderia repousar!


A sociedade uma vez mais
Teria que lhe usar,
Como exemplo!


Como lamento, como espelho.
De como um homem só
Embora livre!


Não lhe seja permitido
Chorar.




Pablo Danielli

terça-feira, 10 de julho de 2018


[Uma tarde de chuva]

Toda pessoa tem seus esqueletos no armário, segredos escondidos a sete chaves, gemidos perdidos em algum lugar. E em dias de chuva costumam frequentar a lembrança da mais pacata a mais atrevida mente, mesmo sendo ela sã.

Uma brisa para alguns, refresco para outros tantos, mas para dois corpos, uma tarde que brinda a vida com uma aconchegante chuva, é o convite em forma de poesia aos olhos curiosos do desejo.

Paredes em tons de roxo confundem a mente dos corpos se encontram em um despretensioso sexo casual, apenas mais algumas palavras sem sentido, arranhões superficiais, nada que a alma sentirá, tanto quanto a saudade do suor, sujo e promiscuo que contracena com a janela embaçada.

Taças de vinho com suas bordas manchadas pelo toque dos lábios, uma garrafa há meia altura, roupas espalhadas, dividindo-se entre cadeiras, escrivaninha e abajur, ao fundo tocando suavemente uma bossa. As mãos delicadas, que de forma abrupta possuem o corpo quase que instintivamente, a língua que procura o ouvido, murmurando os segredos vassalos, implorando por mais e mais.

A maravilhosa sensação que se tem ao perceber que toda timidez contida naquele corpo se esvai, ao toma-la em minhas mãos, libertando uma espécie de mulher antes nunca vista por outros, fogosa e surpreendente, tão viciante quanto a mais pura química já feita pelo homem.

Sensações tão a flor da pele que o tempo foge ao controle dos olhos, passam-se segundos, minutos e talvez horas. Restando abraços e palavras vazias, olhos que correm sobre seu corpo nu, macio e cheiroso, a chuva caindo e nos avisando que a tarde poderia sim ser emendada com a noite, que poderíamos repetir quantas vezes mais fossem possíveis, pois aqueles arranhões logo sairiam do corpo, restando apenas à lembrança de todo desejo alcançado, em uma tarde chuvosa de abril.

Pablo Danielli

domingo, 8 de julho de 2018


[O prazer da morte]


Os dedos moveram-se lentamente, quase com a delicadeza de quem toca um piano. Tão silencioso e tão mórbido, que o gesto quase passou despercebido, diante de aquele olhar fixo, hipnotizante.

Como quem diz: esta noite meu desejo toca o vento, mas logo será o seu corpo. Estava muito claro neste momento, que o desejo era carnal e mais, o olhar fixo denunciava. Não era por amor, era sim, pelo simples prazer da morte!

Até certo ponto poderia afirmar, que tal perigo aguçou minha curiosidade, o risco de não saber o que viria logo após o beijo, fez com que meus sentidos se estivessem dopados, era adrenalina que tomava conta aos poucos da minha mente.

Então, foi apenas uma questão de segundos para que seus lábios, tão apetitosos e convidativos, pronunciassem tais palavras. Impossível seria esquecê-las, estou pronta, você vem? Passaram neste momento, todas as possibilidades que a mente de um homem em tal situação poderia imaginar, mas o desejo por aqueles lábios, tão carnudos faziam perder a linha de qualquer pensamento logico.

Era simplesmente impossível recusar, o homem diante do desejo da carne se torna fraco, mas eu pensava, vem? Para aonde? Para que? A resposta vinha logo em seguida, formulada pelas ideias de desejos absurdas, para o prazer, depois a morte.

Lembro-me exatamente de cada passo que dava em sua direção, os pés deslizavam lentamente pelo assoalho gasto da cozinha, meus olhos observavam cada detalhe que pudesse ser usado para seu deleite, tudo parecia cuidadosamente desarrumado.

A sua respiração conforme me aproximava, ficava mais e mais ofegante, até o momento que fiquei a dois ou três dedos de sua boca, o pecado estava a minha frente, as palavras eram totalmente desnecessárias, o desejo era muito maior que o medo, sucumbi, fraco e sem resistência alguma.

Como um alfa em pleno frenesi, a dominei, tomei-a em meu braços com súbita força e a beijei. Estava feito, não havia mais volta, meu desejo e meu destino jogados na mão de uma estranha. Foi neste momento que senti o gosto, doce, tomando aos poucos minhas veias, correndo pelo corpo, tomando meu coração, era o seu veneno, disfarçado de desejo.

Agora estava dopado, domado, provara de uma fonte de prazer sem fim, ela com toda sua malicia havia feito uma vitima a mais, estava eu, morto pelo amor, escravo de seus caprichos, escravo do seu sexo. Em meu sangue, estava correndo o veneno mais perigoso de todos, o amor, letal a ponto de matar mil vezes e fazer renascer uma vez mais.

Ela mostrava um sorriso de canto, malicioso, de satisfação, como quem dizia, agora não existe mais volta, ira se render aos meus caprichos quantas vezes forem necessárias e se colocará de joelhos para meu prazer. Seus olhos me diziam tais palavras, seu corpo demonstrava tal sentimento, e eu rendido, me entreguei como uma presa abatida, por este sentimento.

Pablo Danielli

sexta-feira, 6 de julho de 2018


Sangria


Portas e janelas sem paisagens, lâmpadas sem brilho, algo na solidão á seduz. Não há mistério que seja tão grande quanto o seu ego. Passam lentamente as horas, passam lentamente os pensamentos e nada além de paredes cheias de palavras sem sentido, riscadas em algum momento ou por meio de um possível suspiro.

O frio parece aconchegante, o chão parece confortável, seus dedos dilacerados pelas verdades, não apresentam qualquer saída. Seu corpo treme, seu gemido é apenas de dor, algo invisível á todos, tortura deliberadamente seu sentimento.

Um ou dois gritos que como laminas afiadas, rasgam o vazio. Libertando-a de forma inútil da prisão que se tornou seu próprio corpo. Sua imagem se debate entre as paredes, deixando seus olhos marejados de aflição, algo além de sua própria vontade deseja explodir dentro de si.

Todos estão fora de controle, seus pensamentos, seus desejos, suas lagrimas, seus sorrisos, suas dores e seus dentes. No universo limitado de seu corpo, aos poucos não sobram caminhos inteiros para seguir.

Recai sobre si o peso da duvida, exala em seus poros o medo. Lentamente consumindo-a por desejos tão pesados que as sobras não serviriam de banquete aos urubus. Não se houve mais o irritante ponteiro das horas, que a cada volta lhe lembrava o que almejava esquecer, destruir.

Não restam forças, não lhe deixaram sonhos possíveis, seus joelhos por hora castigados, não conseguem levantar. Tudo aos poucos some, em seu olhar se perde qualquer linha que á trate como ser humano, que seja um guia, um horizonte. Saídas possíveis se tornaram pesadelos distantes, lentamente se torna invisível, á única sensação que agora sente é de seu próprio sangue. Forjando sua cama, seu ultimo descanso.

Pablo Danielli

quinta-feira, 5 de julho de 2018


[Significados]


Significado de Chacota
s.f. Zombaria, mofa.
Gracejos, sátiras.
Antiga canção popular; trovas burlescas.


Quando se observa os noticiários e ao folhar os jornais, casos de corrupção tomam grande parte das manchetes. Promessas de investigação, punição e mudanças tomam os rodapés juntamente com a credibilidade de nossos políticos.

Não é exagero afirmar que superficialmente o Brasil é uma nação com grande vocação para justiça, apenas esquece-se de fazê-la. Assim como se esquece de limpar a podridão existente no congresso, assim como não se lembra do povo fora da época de eleição, assim como as pessoas esquecem rapidamente os nomes das figuras envolvidas nos escândalos, que diariamente matam milhares de pessoas pelos desvios de verbas, na saúde, educação e segurança.

Estamos todos familiarizados com a corrupção, não ficamos chocados com tamanha falta de escrúpulos, o roubo de diferentes formas se tornou banal. O governo trabalha como uma maquina sem freio, anuncia corte de um lado e aumenta do outro, nunca perde. O uso de nossos impostos é mal aplicado, se gasta mais com benefícios próprios que com o investimento necessário para a população.

Somos todos reféns de nosso silencio, de nossa passividade diante das noticias que se seguem, de forma repita e acabamos por nos transformar em chacota, marionetes de poucos, que contam com a alienação de muitos. A pergunta que se segue é se a maquina não se encontra em seu limite, a engrenagem suportará o quanto mais do uso inapropriado do dinheiro e se a população já estaria em seu limite de tolerância.

Com a velocidade surpreendente e a veracidade incrível, políticos das mais variadas escalas do governo são denunciados por envolvimentos duvidosos. São acusados destituídos de seus postos e seus sucessores já assumem cargos com uma forte tendência a deixa-los da mesma forma.

Estão fazendo pouco caso da opinião publica, estão tratando as pessoas como meros espectadores de uma novela sem fim, falam com desdém de possíveis atos ilícitos, mesmo com gravações e provas contundentes. Eles riem com a certeza de que nada e absolutamente nada acontecerá com sua imagem, contando ainda com a memoria curta do povo brasileiro.

A única certeza que parece prevalecer é que ao abrir o jornal à manchete será de um politico envolvido, restando apenas saber se é vereador, deputado, senador ou ministro. As mesmas desculpas, as mesmas versões e a mesma certeza de que as pessoas logo esqueceram seus nomes, suas suspeitas e mais uma vez a certeza de impunidade no governo em qualquer escalão.


Pablo Danielli

terça-feira, 3 de julho de 2018

Passar adiante

Com o passar do tempo, algumas formas de se portar e falar acabam por fazer parte da nossa cultura.
São jargões populares, frases de novelas ou até uma propaganda que faça sucesso. As pessoas em sua grande maioria são altamente influenciáveis, pois não possuem o discernimento necessário para analisar o que é de fato qualidade e o que é empurrado "guela" a baixo, é a tal da cultura de passar adiante.

(O descartável no Brasil nem sempre pode ser considerado reciclável).

Infelizmente nossos governantes também aderiram a essa pitoresca forma de "solucionar" problemas por eles mesmos criados.
Seja ele qual for, saúde, educação, segurança,são mais e mais demonstrações de que uma boa desculpa, tem peso maior que uma boa solução.
É mais fácil privatizar estradas do que prestar conta dos impostos, muito mais tranquilo deixar escolas particulares tomarem conta do mercado do que investir em escolas publicas, convém muito mais avisar o bandido que se esta chegando, do que enfrenta-lo e prende-lo, mas não podemos esquecer que nossas prisões também estão sendo privatizadas, mais uma pequena amostra de que o dinheiro recolhido de forma brutal esta sendo mal utilizado.
Politico no país é praticamente uma figura folclórica, o "honesto"! exemplar raro??
Fazemos piadas deles nos bares, nas televisões e rádios, e eles riem da nossa cara ao difundirem jargões como "rouba, mas faz!".
Nossa cultura politica esta quebrada, a imagem está trincada, não ha fé o suficiente para mudar. E como é de costume ao procurar culpados, nos deparamos mais uma vez com o nosso passa adiante, passamos a culpa para a mídia que não mostra a verdade, para a policia que não prende (ou para o papa que não esconjura)!??
Passamos nossa culpa como cidadão, como pessoas que poderiam mudar as escolhas, para termos as "mão limpas". Se não é no meu jardim por que regar a flor do vizinho? Temos uma cultura individualista, diriam uns que a culpa é do capitalismo, outros diriam que é da esquerda hoje não mais tão socialista e os mais radicais culpariam a mida que escraviza.
Nestas terras tão distantes de soluções, só não se passa adiante os bens materiais, a bondade, a vontade de mudar.
Melhor é rir de frases prontas, rimas primitivas e ofensas a terceiros, que se tornam indigestas quando nos atingem.
Muito mais comodo não se importar e aos poucos, lentamente ver tudo ser consumido pela má administração publica.
Estamos acostumados a vender o que temos de melhor, certa época foi a madeira, em outras joias e ouro, hoje parece que o mundo já aceita mesmo com um pouco de desdem nossa passividade e ignorância.
Mas talvez este e apenas este, devêssemos deixar em casa e não tentar passar adiante.



A diante são os sonhos
Diante de nós os problemas,
Antes,apenas as reclamações.
Temos os motivos
Talvez as soluções,
Só nós falta a vontade!
Desejos além da acomodação.
Só se muda dando passos
Além do nosso quintal,
Estão a rua e o mundo!
Feito de odores e fé matinal.


Pablo Danielli

domingo, 1 de julho de 2018

Alguns passos

Se não fossem os passos lentos, que mais pareciam marcar o espaço, o tempo, o olhar hora solto e por momentos procurando atingir algum ponto. O ar levemente frio, com certas folhas jogadas ao chão, o desejo ardente de esquecer, não existir, apenas mais uma tarde em meio a tantas outras espalhadas pelos calendários, com datas pré-definidas de rotinas sem fim.

Apenas a cor amarela parece lhe chamar atenção, o vermelho cansado de velhos amores, de tantos ardores derramados, não faz mais a diferença que precisava, que tanto buscava. De todos os desejos passados em vida, os arrependimentos surgiram do que foi posto como forma negativa, mesmo sendo tão únicos, tão inteiros e tão seus.

As calçadas lentamente engoliam seus pés, os prédios tão aclamados e tão velhos em alguns momentos, pareciam sumir com seus sonhos, a cidade mais parecia um organismo vivo, pulsante, cujo único objetivo era deixar seu dia mais cinza, mais agressivo, mais dolorido.

Placas que procuram dar ordens ao invés de indicar, duvidas e medos perambulantes disfarçados com roupas cuidadosamente escolhidas para causar alguma falsa impressão.

Um esbarrão, uma palavra solta, um pedido de socorro em forma de sorriso. O vento segue, levando com sigo o rumo do acaso, o impulso do inesperado, acompanhado pelo vai e vem dos carros, pela garoa que começa a cair, pela pressa em não molhar com novo frescor as velhas hipocrisias.

O barulho já não faz mais diferença, em alguns minutos o silencio absoluto toma conta, tornando tudo tão frágil, tão vulnerável. Como quem pouco caso faz, continua indiferente a tanta falta de paixão ao seu redor, como quem com um simples toque se adapta facilmente a forma petrificada de vida na qual esta ligeiramente acostumado a viver.

Abre e fecham lentamente seus olhos, como quem de forma simples fala para si mesmo, recomeçar é apenas uma questão de teimosia e sentir uma opção de pessoas invisíveis, que persistem em colorir.

Pablo Danielli

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