[PÓ]
Eu sou o pó
Corroído dos
pés das estátuas,
Da lembrança
que se passou...
Das pessoas
que não são memórias.
Sou parte desta
anomalia de concreto
Dos esqueletos
cinzas e ruas vazias,
Que contemplam...
Rostos, hoje
que são fotos em lapides.
A massa,
feita de barro,
Pisoteada
pelas palavras escondidas.
A força de
um copo vazio
Ao lado da
cama.
A beleza
ausente, que toca seus lábios...
Quando o
calor deixa o corpo.
A certeza
tola inexistente
A malicia da
dúvida persistente,
E toda
estupidez latente.
Que somente
o tempo
Que o ser,
insiste em fragmentar...
É capaz de
mostrar.
O silêncio
moribundo,
E tudo nele
contido.
Eu sou o pó
das lembranças distorcidas,
Corroídas,
que nem ao menos o sal do que corre pelo rosto
É capaz de
acabar.
Eu, eu,
eu...
Cujo o silêncio
do universo
Ainda há de assimilar.
Pablo Danielli
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