quinta-feira, 25 de outubro de 2018


[Morto]

Morto
Sem ter aberto os olhos.
Sem ter sentido o gosto
Da vida na boca.
Morto
Sem ter o nome lembrado.
Sem imaginar o que é afeto.
Apenas a violência dos gestos,
O desespero da sobrevivência
Em meio ao luto diário.
De uma miséria penetrada na carne,
Que exala dor e odor do caos disfarçado
Que carinhosamente chamamos de tempero.
Morto
Das ordens que nunca cessam.
Refém do silêncio,
Que assombra a noite.
Dos sonhos que viram pesadelos
Por desejos nunca satisfeitos.
Morto
E isso basta.

Pablo Danielli

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